O Mindfulness e a Ciência
Por Reconecta em julho 1, 2019
Estudos científicos comprovam os benefícios da prática de Mindfulness, que melhora a qualidade de vida e altera até o cérebro!
O hábito da meditação tem se popularizado nos últimos anos e uma modalidade específica, o Mindfulness, chamou a atenção de uma área especial: a ciência!
Assim estudos foram e continuam sendo realizados a todo o tempo, mostrando que o Mindfulness gera resultados positivos no cérebro e na qualidade de vida de seus adeptos, que têm na prática um aliado no combate a problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e estresse, na melhoria de dores, de problemas do sono, entre outros males.
No Brasil, Mindfulness também ganha o nome de Atenção Plena, que dá o tom do seu significado: a habilidade de estar intencionalmente no presente com atenção plena e aceitação.
Benefícios
A ciência se interessou pelo Mindfulness em função dos inúmeros benefícios sentidos por seus praticantes.
Para pessoas com depressão, ele ajuda na prevenção de recaídas e no tratamento de casos leves.
Já quando a questão e a ansiedade, o Mindfulness demonstrou efeitos positivos sobre a hipocondria, a ansiedade social, a ansiedade generalizada e até mesmo sobre fobias.
Em casos de adicções, a prática da Atenção Plena colaborou na prevenção de recaídas do consumo de substâncias, redução do consumo de álcool e na diminuição do desejo de consumo.
Houve também efeito da prática sobre dores crônicas, especialmente nos casos de dores crônicas nas costas e de fibromialgia.
Estudos foram e continuam a ser feitos para entender como o Mindfulness age no corpo e nas emoções, com resultados surpreendentes!
Cientificamente comprovado
A prática do Mindfulness promove mudanças positivas no cérebro, mesmo que em curto prazo. Apenas 8 semanas são necessárias para os benefícios serem percebidos.
A prova disso foi um estudo guiado pela neurocientista Sara Lazar, do Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School.
Ela identificou o espessamento em quatro regiões do cérebro de integrantes de um grupo de pessoas que foram inseridas pela primeira vez em um programa de oito semanas de redução de estresse baseada em práticas meditativas.
As áreas que mostraram o espessamento foram:
-Cingulado posterior, associado a divagações mentais e autorrelevância;
-Hipocampo esquerdo, associado à aprendizagem, cognição, memória e regulação emocional;
-Junção temporoparietal, associada à tomada de perspectiva, empatia e compaixão;
-Pons, área da haste do cérebro que produz grande quantidade de neurotransmissores reguladores.
Já a amígdala cerebral demonstrou diminuição de tamanho, o que é positivo, uma vez que ela está associada a ansiedade, medo e estresse.
Os participantes desse estudo haviam sido instruídos a praticarem Mindfulness em casa, por 40 minutos diários, paralelamente ao curso.
Mindfulness e o cérebro
A prática do Mindfulness influencia a saúde por meio de seus mecanismos, como Höezl explicitou em sua revisão de 2011.
Cada mecanismo está ligado a uma região do cérebro!
A regulação da atenção está associada ao córtex cingulado anterior do cérebro humano, enquanto que a consciência corporal, que é a atenção sobre as sensações do corpo, se associa à Ínsula, junção temporoparietal.
Os dois tipos de regulação emocional – revalorização e exposição, extinção e reconsolidação, que trabalham a não reatividade e o não julgamento, estão ligados ao córtex pré-frontal (dorsal), enquanto que as mudanças da perspectivas do “self” oferecem uma nova imagem de si mesmo e atua no córtex cingulado posterior, ínsula.
A memória é outra área que sente os benefícios da prática de Mindfulness, especialmente a memória de trabalho, que é aquela utilizada durante as atividades do dia a dia.
Em estudos guiados também por Sara Lazar, indivíduos com experiência em meditação têm maior quantidade de matéria cinzenta na ínsula e regiões sensoriais do córtex auditivo sensorial do cérebro, bem como no córtex frontal, que está associado à memória de trabalho, além da tomada de decisões executivas.
O envelhecimento também é mais saudável para quem pratica o Mindfulness. Aliás, ele é menor!
A mesma quantidade de matéria cinzenta de um jovem de 25 anos foi encontrada no cérebro de meditadores de 50 anos, como identificou outro estudo conduzido pela neurocientista Sara Lazar.
O resultado impressiona, uma vez que a tendência do envelhecimento é o encolhimento do córtex humano.
Saúde cerebral e mental
A melhora do funcionamento cognitivo e da flexibilidade entre indivíduos com sintomas depressivos elevados é outra vantagem para quem pratica o Mindfulness.
As evidências científicas demonstram que o aumento da massa cinzenta em regiões cerebrais observado em praticantes de meditação está associado a alguns fatores, como:
-Aumento da atenção, mais especificamente da capacidade de estar atento e presente por mais tempo ao que se está fazendo;
-Aumento da consciência corporal, com atenção para as experiências e sensações do corpo;
-Melhora da regulação das emoções, com maior consciência e não reatividade sobre as emoções sentidas;
-Observação dos pensamentos, com a identificação dos conteúdos mentais;
-Uma nova perspectiva do “eu”, com diminuição e melhora dos diálogos internos;
-Melhora da tomada de decisões;
-Desenvolvimento de mais compaixão.
Por isso as Terapias Baseadas em Mindfulness (TBM) são reconhecidas e utilizadas no tratamento e prevenção de doenças fisiológicas e psiquiátricas.
Dessa forma as TBMs se consolidaram e se expandiram até mesmo para a aplicação no sistema de saúde, além do meio educacional, organizacional e esportivo de alguns países.
Qualidade de vida
O Mindfulness busca a autorregulação da atenção, o foco no momento presente, a não reatividade às coisas e acontecimentos, resultando em inteligência emocional e maior qualidade nas relações consigo mesmo e com o universo ao redor.
Assim o Mindfulness proporciona uma mudança na forma de perceber a vida.
E com Atenção Plena a vida é muito mais feliz!
Referências:
1-Artigo “Neurocientista de Harvard: ‘A meditação muda o cérebro’.”, publicado no site www.lojong.com.br.
LAZAR, Sara; SHULTE, Brigid. Harvard neuroscientist: Meditation not only reduces stress, here’s how it changes your brain. Washington Post, [S. l.], p. 1-1, 26 maio 2015. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/news/inspired-life/wp/2015/05/26/harvard-neuroscientist-meditation-not-only-reduces-stress-it-literally-changes-your-brain/?noredirect=on&utm_term=.4e07012f32ac. Acesso em: 24 jun. 2019.
2-Livro “Mindfulness é ciência – Da tradição à modernidade”, da editora Palas Athena.
MARTÍ, Ausiàs Cebolla; GARCÍA-CAMPAYO, Javier; DEMARZO, Marcelo. Mindfulness e ciência – Da tradição à modernidade. [S. l.]: Palas Athena, 2016.
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